terça-feira, 14 de junho de 2011

Da função do homem, da natureza e extras em um julgamento, na condenação e no perdão.

Atualmente é comum ouvirmos inúmeros comentários que são claros em sua afirmação “não nos cabe julgar, condenar ou perdoar ninguém, cabe a Deus”. Porém inegavelmente temos conhecimento que este tipo de afirmação, muitas vezes presunçosa, tem como função apenas colocar-nos acima de um muro, sem pisar em um campo de opiniões ou nos colocar em posição de polemizar ou sermos taxados. Porém, apraz sim aos homens julgar, condenar e perdoar; hipócrita seria o individuo que afirmasse o contrário, que jamais acometeu uma das ações acima. A natureza ao qual nos referimos, não é para nos remeter a fauna ou a flora, e sim a natureza dos homens e os extras, são as forças que podem ou não existir que julgam, condenam e perdoam por ou com nós.

Inegavelmente cabe aos indivíduos julgar e vos provarei. Cada qual possui em determinada parte do seu pensar um conjunto de informações que definem, de forma errônea ou não, as concepções de certo ou errado. Isso nos remete a natureza pensante dos homens que, defendendo a tese dos ambientalistas, é definida pelo ambiente ao qual se é criada, desta forma os seus valores serão dados pela sua educação e o espaço que o mesmo vive. Assim não nos cabe condenar os preconceitos como barbáries já que é um fator claramente natural de todo ser humano. Porém, cabe aos homens ajudar os ignorantes, pois o preconceito é ignorância, a superar esta condição, apresentando-lhes informações que salvem a sua consciência, punindo as atitudes de plena agressividade e os reeducando a aceitar, recriando seus conceitos de forma a mostrar-lhes o lado adequado a se ficar, evitando assim exclusões, depressões ou ferimentos.

Todavia, convenhamos que o preconceito além de um conceito prévio, também é um julgamento prévio que se dá principalmente pela imagem do individuo a ser pré-conceituado. Desta forma se torna NATURAL, automático e instintivo o ato de julgar alguém por seus gostos, aparências, interesses etc. Como também é natural o ato de condenar esta pessoa caso ela contrarie a nossa concepção de certo ou errado. Então apraz aos que sofreram o preconceito perdoar os ignorantes que os cometeram, de forma a manter a boa convivência e não gerar intrigas. Da mesma forma aos preconceituosos cabe o auto-perdão quando o mesmo após pré-julgar alguém vê que o seu julgamento estava errado, e isso é provado com algum tipo de relação afetuosa para com aquele que o mesmo tinha agredido ideologicamente com sua concepção de certo e errado; concordamos então que cabe também aos homens a atitude de perdoar a alguém ou a si mesmo.

Quanto aos crimes, que ferem o direito constitucional ou que cometem barbáries para com os outros, os mesmos também devem ser julgados, condenados e punidos. Provando mais uma vez que cabem aos homens tais ações. Pegamos o caso de um ladrão, que após roubar determinado recinto é preso. O mesmo será submetido a um julgamento onde será decidida a sua pena. Ora, se não coubesse aos homens julgar, então o mesmo não passaria por um julgamento, tendo em vista que o júri, o juiz, o advogado e o promotor são homens; logo o sujeito seria solto impune de seus crimes. Se não coubesse aos homens julgar a iniciativa romana de criar o “corpus juris civilis” de nada valeria.

Extra a tudo isso pode se citar os sacerdotes católicos que ao se dizerem pastores de cristo afirmam que podem conceder o perdão; está ai mais uma prova de que o perdão cabe aos homens, pois o dito padre é um homem. O individuo religioso então, ao cometer um ato que não é uma barbárie, pode recorrer ao sacerdócio, para aliviar o peso de sua consciência e não aturar tal carma sozinho, desta forma recebendo o provável perdão de uma força maior, provando então caber o perdão a forças extraordinárias.

Inúmeros são os que defendem uma divisão entre “as leis de Deus e as leis dos homens”, tal divisão se faz desnecessária e é de certa forma hipócrita, tendo em vista que a grande maioria das leis de Deus faz parte da constituição; tendo em vista uma Roma onde o cristianismo era claro o corpus juris civilis ao qual se baseia nossa constituição, foi escrito também por valores religiosos. Enquanto nas leis de Deus é falado: “Não matarás”, na nossa constituição isso é um artigo do código penal. O mesmo ocorre com o “não roubarás”, “não cobiçarás a mulher do próximo” (bigamia e adultério) etc. O julgamento por causas extraordinárias está tão explicito no julgamento dos homens que ocorre um juramento sobre uma bíblia antes de colher testemunhos.

Desta forma provamos que o niilismo não cabe nos tópicos aqui apresentados; deixamos claro que cabe aos homens julgar, como aos crentes também cabe a forças externa, causando desta forma uma dualidade punitiva. Porém o que é claro, é que não podemos, não devemos de forma alguma, deixar impune o crime cometido, pois cabe a nós, quanto humanos, julgar o próximo. Da mesma forma que quando os criminosos se mostram arrependidos, mostram que foi causa acidental ou cumprem sua pena, cabe a nós perdoar.

sábado, 26 de março de 2011

O Amor de Dizer Não.

Era fim de tarde, o crepúsculo já era claro, o céu estava alaranjado, porém já era possível ver as primeiras estrelas se anunciarem; aquelas que mais brilham no céu e Vênus vulga estrela D’alva. Ele estava sentado em uma poltrona de couro lendo uma das inúmeras obras de Shakespeare, Hamlet. Tinha faltado luz o dia inteiro no bairro, portanto mesmo que prejudicasse sua visão seria necessário acender algumas velas caso a luz não se anunciasse novamente até o anoitecer, pois de tão entretido ele dificilmente pararia de ler e de fato o charme da leitura a luz de velas causava nele certo agrado por essa idéia. Trajava um sobretudo acompanhado de algumas roupas meio formais, uma camisa pólo e um colete, uma calça de algodão preto e sapatos; não que ele fosse alguém mórbido que permanecia escondido na solidão da noite ou que apreciava, poetizava e vivia mais a morte do que a vida, pelo contrário ele sempre preferiu ambientes bem iluminados, apenas tinha uma paixão forte, porém secreta pelos clássicos e pela maioria das coisas chamadas de “arcaicas” hipocritamente, não se considerava um neoclássico porém, por mais irônico que possa parecer ele também ama a modernidade a ponto de se interessar sempre pelas ciências exatas e até mesmo pensar em seguir a carreira de engenheiro.

Perdido em sua imaginação daquela agradável leitura que o extasiava ele era interrompido por uma mão em seu ombro, uma mão quente que possuía o perfume de sua dona que inebriava e invadia suas narinas. Sabendo de quem se tratava ele apenas virava lentamente o pescoço e sorria timidamente, recebendo em seguida uma beijo em seu rosto que claramente expressava uma barba feita a pouco tempo. A necessidade de dizer “olá” era completamente nula, visto o fato de que eles se entendiam por sorriso e antes de um ter coragem para falar com o outro era por sorrisos e olhares que eles se comunicavam. Ela expressava a beleza de sua tranqüilidade e alegria em seu rosto sem um traço de maquiagem, porém ele sempre soube que atrás daquela boa mascara ou a face que se mostrava mais para ele do que para os outros poderia existir uma tristeza ou uma revolta, até mesmo decepção, ódio ou tristeza, tais quais revoltas também por sua vida sofrida e cheia de repressão. Ela trajava uma calça Jeans e uma blusa preta, seus cabelos completamente trançados e uma sapatilha em seus pés; gostava de literatura e também de coisas antigas, não pela paixão a literatura ou qualquer coisa do tipo e sim em uma esfera histórica que remetia ou impulsionava a estudar o antigo como fazem os arqueólogos, em contrapartida era claro o desejo dela de ter uma ação direta sobre a sociedade inocentando inocentes e condenando culpados, influencia de Foucault talvez ou de sua família, mas a vontade e o dom de exercer o direito ela com toda certeza possuía.

Em sua mente ainda vagava o dia que ela lhe falará que apesar de estar sorrindo podia estar com vontade de chorar e isso fazia que a todo o momento ele desconfiasse e se questionasse se ela estaria confortável e se sentindo bem; se a resposta não lhe fosse apresentada por seu próprio julgamento ele a questionava sobre. Mesmo que eles se entendessem por expressões, às vezes se via necessário falar, apesar de que ambos muitas vezes apreciavam o silencio da companhia um do outro. Ele então com delicadeza e com sua voz que ele considerava normal, porém ela considerava embriagante questionava

– Você deseja algo?

Ela apenas sorria e fazia sinal de sim com a cabeça, colocando sua mão no peito dele, respirava fundo e falava com sua doce voz

– Sim! Eu... mesmo que você não saiba ou eu não dê a perceber demorei muito tempo para criar coragem e dizer isso... Não gosto de enrolar, você sabe, se eu ficar enrolando não irei ter coragem para falar depois... Indo direto ao assunto... Eu te amo e quero ficar com você!

Os olhos dele se arregalavam e ele dava alguns passos para trás, virava de costas para ela colocando a mão no próprio queixo

– Meu Deus!

Ele sussurrava. Ela se assustava com a atitude e abaixava a cabeça imaginando já saber a resposta.

- Desculpa – Dizia ela com um ar desolado.

Algum tempo se passava, ela estava ali estática e ele ainda virado de costas sem dar uma única palavra. Surpreendendo-a ele virava de repente quando ela ameaçava partir, segurava em seu braço e a puxava olhando em seus olhos.

- Não... Essa é a minha resposta... Não!

As lagrimas enchiam os olhos dela que tentava se afastar dele.

- Deixe-me explicar, por favor!

Ela arfava e com uma tristeza que ele jamais viu ela falava

– Não há o que explicar.

Ele então dava um sorriso e fazia sinal que sim, indicando que realmente havia o que explicar. Com uma certeza incomparável de que ela o entenderia começa a falar, sem deixar que ela o interrompa.

- Eu não posso ficar com você, pois também te amo verdadeiramente. Antes que você diga que isso é medo de amar e que eu estou fugindo e assim sendo covarde eu digo que sim! Talvez eu esteja mesmo sendo. Mas saiba que essa não será a primeira coisa das quais eu fugi, mas provavelmente é a maior delas. Como posso eu dizer sim? Se eu falasse sim abdicaria de tantas coisas. Se eu falasse sim eu jamais poderia procurar você em meu ultimo dia de vida caso eu possuísse alguma doença destruidora e que me mataria no dia seguinte e falar para você “eu estou aqui, porque quero passar o ultimo dia da minha vida ao seu lado, te namorando e te amando, te sentindo... Em uma pedra em uma praia deserta ou em uma colina sentindo a brisa fresca batendo em nossas faces, me aceite como seu companheiro nestas ultimas horas, por favor!”.

Ele parava por um instante e fitava seus olhos mais profundamente, ela se debulhava em prantos e seus lábios tais quais suas mãos tremiam muito, sua mão parecia gelada como a própria noite que se anunciava.

- E como eu poderia dizer sim e me privar de daqui alguns anos eu olhar para o céu escondido em algumas nuvens de poluição, e entre todos aqueles prédios, arranha-céus e todas aquelas luzes artificiais à frente e abaixo de mim, eu ver uma bela estrela que não se cansa de brilhar e me lembrar de você e seu sorriso que irradiava e mesmo que invisível, pelo menos para a grande maioria das pessoas, brilhava mais do que aquela dita estrela que eu via? E nesse momento eu me desconcentrarei de meu trabalho totalmente, me sentirei fraco, um aperto no peito virá e um nó na garganta irá surgir, eu lutarei contra lagrimas que irão querer sair me lembrando dos momentos que fiquei com você, do seu sorriso e o olhar desses seus olhos que apesar de negros são tão belos quanto as estrelas e mais belo que qualquer olho cristalino que eu já vi; como se não bastasse eu vou me xingar durante um bom tempo por não ter lhe possuído quando eu pude possuir, achar que eu fiz a maior besteira da minha vida e me arrepender de realmente não ter dito sim e ficado com você quando eu pude.

Ela ameaçava dizer alguma coisa, ele colocava o indicador atravessado nos lábios dela pedindo silencio. Ela o olhava abaixando o olhar, mostrando estar de acordo.

- Me diz como eu posso dizer sim e dar a oportunidade deste amor em algum momento se esgotar? Se eu falar sim ficaremos junto, faremos coisas excêntricas e que sempre serão novas nos primeiros dias ou meses, serão novas afinal nunca fizemos isso e depois tudo ficará repetitivo e como quando você come sua comida favorita todos os dias... Você simplesmente enjoará e não irá mais querer apreciar aquele prato, mesmo que a vontade surja em algum momento, você terá uma nova comida favorita, as comidas que amamos são exatamente aquelas que degustamos com pouca freqüência. E isso acontece com o amor, pessoas que se amam extremamente no inicio e são completamente apaixonados e convincentes para todos, a um nível lindo de se ver, de uma hora para outra brigam e terminam tudo, pois o amor se acabou. E o maior perigo do amor acabar é ele levar o respeito junto... E com isso a amizade também se acabar. Como poderia eu arriscar tão alto e assim arriscar perder até mesmo o amor e a oportunidade de estar perto de ti e te mimar, mesmo que como amigo?

Ele dava uma pausa, não longa apenas de poucos segundos e voltava a falar.

- Eu prefiro deixar esse amor acalentado dentro de mim e possuir todos os dias o desejo de te possuir e o amor por ti do que dizer sim e arriscar perder-lo. Você sabe que eu vejo em tudo uma oportunidade de aprender e estudar ou estudar e aprender por ser tão curioso, e eu não poderia me privar e privar você da oportunidade de sentir aquele sentimento que eu falei que surgiria quando eu olhasse a estrela daqui a alguns anos, seria desumano com nossos sentimentos. Eu prefiro dizer não e ter a certeza de falar romanticamente “eu sempre amei uma mulher que está longe, mas já esteve tão perto e apesar da distancia eu vou amar-la eternamente”. Prefiro dizer não e ter a oportunidade de sonhar com seu sorriso e seus belos olhos como o mais belo sonho, do que dizer sim e daqui a algum tempo ficar desconfortável e infeliz e esse seu sorriso e olhos aparecer em um dos meus pesadelos. Prefiro contar a experiência de amar que eu tive para meus filhos e netos, realmente ainda sentindo a experiência de amar. Eu seria um monstro se desse a mim mesmo a oportunidade desse amor acabar, dizendo sim. Entenda que eu sempre vou te amar e sempre vou sofrer quando eu te ver indo embora, mas é necessário. Eu estou sendo um covarde em dizer não, mas estaria sendo mais covarde ainda se dissesse sim. O sim apenas nos impediria de desfrutar os primores desse amor. E acho que agora, nós, podemos entender o ditado que diz “quem ama diz não”. Me perdoa, mas eu não posso aturar e sofro só de pensar na hipótese de um dia deixar de te amar por em um momento ter pecado com o pior dos erros, dizendo sim.

Ela olhou em seus olhos e ainda com lagrimas nos olhos falou

- Isso quer dizer... Que daqui a algum tempo eu vou poder dizer que tenho um amor que mesmo não estando comigo está junto a mim desfrutando os belos frutos de um amor que nunca aconteceu. Dessa forma afirmando que eu tenho um amor que é infinito e jamais se esgotaria; um amor eterno?

- Sim, um amor que desfruta de seus primores, que gera as mais belas contradições; fazendo com que a água queime e o fogo esfrie. Que o barro valha mais que o diamante. E fazendo com que o não seja melhor do que o sim em um momento em que todos prefeririam o sim.

Os olhos dela derramaram mais prantos, agora de êxtase, felicidade e amor, e com sua voz amavelmente rouca e tremula do chorar ela falava quase que sussurrando

- Obrigado... Obrigado por me amar... Obrigado por me mostrar o que é amar e que tu realmente me amas de forma que eu jamais serei amada. E, além disso, mesmo que para os outros não seja dessa forma, obrigado por me ensinar o que é amar.

- Se eu falasse sim agora, eu jamais teria a oportunidade de dizer não para outra mulher que amo e que me fará sentir futuramente tudo isso que eu falei. Pois um não para outra mulher não terá o mesmo valor e nem causará tudo isso. A única oportunidade que eu tenho de tanto amar e de sentir tudo aquilo é dizendo não agora.

Ela assentiu com a cabeça e ele se afastou

- Irei até o quarto pegar um livro que acho que gostarás de ler... Se quiser pode esperar aqui.

A noite já havia chegado e o caminho estava escuro, isso permitia ele esconder a única lagrima que escorreu de seus olhos, ele era orgulhoso demais para deixar-la ver a tal lagrima. Ele entrava no quarto e se abaixava, ouvia um barulho da porta se fechando atrás de si, era ela atrás dele e tinha fechado a porta.

- Tenho medo... De ficar sozinha no escuro...

Ela dizia sorridente, com os olhos marcados das lagrimas que a pouco ela tinha soltado, estava encostada levemente na porta com os braços para baixo e com as palmas das mãos viradas para a porta, ela levantava uma delas e passava em seu cabelo o fazendo cair, se mostrando solto e mostrando que ela já tinha desfeito a trança enquanto ele subia, eram claras as ondulações em seus cabelos por causa da trança refletindo a luz da lua.

- Tudo bem... É esse o livro...

Ela tocava o livro e não lia o titulo; a luz da casa não retornaria naquela noite. Ainda naquela noite o jovem garoto virou um homem por tudo aquilo que tinha falado e vivido.

W. Rodrigues

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Meus olhos, Tuas pernas

Sinto forte aqui dentro
Que nada pode me parar;
Nem a face escura do medo
Nem a falta de seu olhar
Ainda que minh’alma esteja marcada
Que minha mão alva fique negra, enferma...

Saiba que eu nunca irei te largar,
Não importa o quanto de dor que venha
Sem ti eu não posso enxergar,
Sem mim, não podes andar
Juro ser tuas pernas, e serás meus olhos
Caminhando no labirinto,
Entre os lindos campos,
De rosas repletas de espinhos.
Chegaremos juntos ao alto da montanha, e
Então poderemos tocar o céu.

Mesmo que a face do medo se revele,
Eu juro sorrir, te tranqüilizarei,
Não chore, minha mão te acalentará,
Guardarei cada gota de tua lagrima,
Mesmo com nossa alma marcada,
Marcada por eles que nos separam,
Este pode ser nosso ultimo dia
Juro te guardar até o ultimo segundo
E então contigo sonhar por toda a eternidade.

Saiba que eu nunca irei te largar,
Não importa o quanto de dor que venha
Sem ti eu não posso enxergar,
Sem mim, não podes andar
Juro ser tuas pernas, e serás meus olhos
Caminhando no labirinto,
Entre os lindos campos,
De rosas repletas de espinhos.
Chegaremos juntos ao alto da montanha, e
Então poderemos tocar o céu.

Em meus braços eu deixarei você dormir,
Já me arrependo por ir embora
Deixar-te lá, podia ficar mais um dia com você,
Mais uma noite, mas eles não deixam,
Cada dia como se fosse o ultimo, eu te jurei,
Mas se o amanhã não chegar?
Começo a me arrepender por não ter dito,
Não ter dito o quanto te amo todos os dias,
Ter passado inclusive os segundos particulares
Que passei sozinho, ao seu lado.

Saiba que eu nunca irei te largar,
Não importa o quanto de dor que venha
Sem ti eu não posso enxergar,
Sem mim, não podes andar
Juro ser tuas pernas, e serás meus olhos
Caminhando no labirinto,
Entre os lindos campos,
De rosas repletas de espinhos.
Chegaremos juntos ao alto da montanha, e
Então poderemos tocar o céu.

Respondo suas perguntas,
Respondo minhas perguntas,
Se o amanhã não chegar, saiba
Eu estarei cruzando o céu,
Com as asas de cristal que eu lhe prometi;
Estarei do outro lado te esperando,
Dar-te-ei minha mão quanto necessário,
Você nunca estará sozinha,
Eu sempre estarei ao seu lado
Mesmo que você não possa me ver,
Aqui eu juro nunca te largar,
Toda a eternidade te esperar e
Com você toda a eternidade viver.

Saiba que eu nunca irei te largar,
Não importa o quanto de dor que venha
Sem ti eu não posso enxergar,
Sem mim, não podes andar
Juro ser tuas pernas, e serás meus olhos
Caminhando no labirinto,
Entre os lindos campos,
De rosas repletas de espinhos.
Chegaremos juntos ao alto da montanha, e
Então poderemos tocar o céu.

ps: Sei que você entendeu melhor que todos.

W. Rodrigues

Meu Nome é Sonho

Talvez você não se lembre de mim e espero que você leia a carta mesmo não se lembrando, meu nome pode parecer estranho, mas eu sei que soa familiar para você, sou aquele garoto que sentava ao seu lado na escola, que escutava a suas conversas e dava apoio quando você tirava nota baixa falando repetidamente que você era inteligente, aquele garoto que estava preparado para deixar você chorar no meu ombro e eu te consolar mostrando que eu estava ali para te proteger de qualquer coisa, o garoto tímido que tinha dificuldade para dizer bom dia e talvez por isso você nunca tenha percebido que eu estava ali para dar meu ombro amigo quando as coisas da vida tentassem te machucar, eu poderia te levantar.
Quando você ler essa carta eu já não vou estar mais aqui, fui esquecido por tudo que eu possuía de mais precioso e por isso decidi que minha existência deveria acabar. Por meio desta carta quero ser o que eu nunca fui e falar o que eu nunca tive coragem de falar, quero dizer por ela berrando com as minhas letras que EU TE AMO, sei que sempre fui um babaca ficando quieto e nem me aproximando quando você chorava, mas ao menos algumas vezes, eu conseguia fazer seus olhos brilhar. Consegui uma riqueza inimaginável que nada vale se você não estiver ao meu lado, eu não posso dar um único centavo a você terei que procurar outra pessoa para entregar tudo isso. Quando eu era grosso era apenas por medo de me aproximar, juro que não queria te deixar quando você me mando sumir da sua vida quando conheceu aqueles seus colegas envolvidos com drogas, porém eu fui obrigado a fazer isso quando vi que você não tinha mais expectativa nenhuma e ficava aos becos jogada no chão como uma mendiga e oferecia seu corpo como garota de programa e nem minhas falas faziam mais seus olhos brilhar, sua vida tinha mudado e você andava na rua com raiva da vida, de uma forma andrógena sem crer nas possibilidades e se afastando da verdade, era uma maquina que tinha a capacidade apenas de registrar e ser manipulada pelos seus colegas, tu eras como uma calculadora, a cada dia se encontravas mais e mais alienada.
O principal objetivo dessa carta é fazer um pedido, para você não perder a capacidade de sorrir e não perder o brilho de seus olhos, pois você vai precisar deles.
Minha riqueza foi toda doada e eu serei enterrado em um cemitério, na área mais pobre com um buraco raso no chão, não terei direito a lapide nem a um tumulo, se eu tiver um caixão será dado por alguém bom de coração, me encontrarei entre os outros indigentes e como eles meu nome não constará sobre o local onde se encontra meu corpo. Sei que se você vim me visitar vai me encontrar facilmente porque o mesmo brilho dos olhos que eu era capaz de fazer aparecer em seus olhos será o responsável por te guiar até o humilde sarcófago de terra que guarda meu corpo. Chegando lá apenas acenda uma vela para aquecer minha alma, ser esquecido por todos que eu amava causava além de dor, um imenso frio. E leve algo para riscar, um giz talvez, e escreva meu nome na extremidade superior da fina folha de cimento que é colocado hoje em dia nos cemitérios, se você não se lembrar meu nome é – Sonho – faça uma dedicatória a você e escreva antes do meu nome a palavra “Seu”. Poderás se quiser fazer o seu velório particular em minha memória. Essa dedicatória vai ajudar eu a me aproximar de você novamente e talvez até mesmo voltar a existir, podendo fazer você voltar a sorri e o brilho de seus olhos voltar a existir, fazendo retornar a existência a menina que eu tanto admirava e adorava e deixando extinta a mulher descrente e mal amada, incapaz de amar ou ter qualquer sentimento bom, a mulher apática e injuriada que está lendo essa carta por que esse é o meu trabalho, fazer você ser feliz, sorrir e ter os brilhos nos olhos novamente. Eu acredito que nada tem a capacidade de ser impossível e não existe nada que eu não possa e mesmo que eu saiba dificuldade eu continuo me esforçando muito para conseguir, apenas para não deixar você triste e ver você feliz por ganhar tudo que deseja, meu trabalho é mimar você e aumentar o seu ego. Você se esqueceu de mim e eu não me esqueci de você.
É apenas isso, eu só queria que você soubesse que apesar de ser esquecido eu não esqueci de você em nenhum minuto e eu te amo, espero que tenha lido essa carta até o final e tenha entendido o que eu quis dizer, não precisa ir até o cemitério basta que você se lembre de mim e eu saberei que em sua mente foi acesa uma vela que me aquece novamente. Eu ainda não assinei o testamento, ele será valido apenas daqui a muitos anos e possivelmente se você se lembrar de mim eu acabarei colocando o seu nome, lhe dando toda a riqueza que eu conquistei. Eu tenho várias coisas que não vou falar aqui por ser particular com você. Estou esperando sua resposta.

W. Rodrigues

Orquestra Macabra

I

Nas terras proféticas do rei Salomão
Maestros caminham com armas na mão
Orquestras dividem uma nova canção
E caminham marchando para uma nova missão
Há músicos demais para uma única demonstração
Por tanto todos irão para a apresentação
Tambores preparados e violinos afinados
Cornetas não são deixadas de lado
Todos marchando para o local da rebelião
No centro da cidade onde todos comparecem
Outros se escondem ou com medo padecem
Que sinfonia tocará a tão louvável maestria
Que refrão será que tocará a tão louvável tirania
Saberia o sábio da tão horrenda canção?
Permitiria o rei tão monstruosa apresentação?

II
Começava a tocar com maestria a tão horrenda canção
Tambores começam a tocar a tão temerosa introdução,
A cada batida uma nova explosão uma vida perdida na ilusão,
A cada nota fina do violino vinha a valentia do novo refrão,
Os refrãos marcavam o inicio de uma nova canção.
A cada canção tocada se perdia uma nova vida sem nenhuma razão,
Jazia sobre os altares da humanidade uma nova autorização:
“TOQUEM COM MAESTRIA E COM ARMAS NA MÃO,
AFINEM A SINFONIA PARA UM NOVO REFRÃO
SE NÃO TOCARES COM MAESTRIA ESSA NOVA CANÇÃO
PREPARE SUA VALENTIA, POIS TODOS MORRERÃO”.
E sobre as ordens da nova ordem os músicos tocarão
Com valentia a nova sinfonia que compõe a nova canção
São apenas soldados marchando sem chão,
Um general sem propósito que aniquila uma nova geração e
Um maestro sem sentido que nega a sua própria construção.

III
Mutilados berrando compondo o novo som
As vozes desesperadas cantavam para a orquestra
Soldados marchando e cantando davam a introdução
Os batuques sombrios da noite tenebrosa
As rosas horrorosas que se formavam no céu
O cogumelo que venenoso incendeia com radioatividade
O cogumelo que destroi os fieis
Soldados marchando e compondo o novo som
A orquestra macabra que canta sem som
Crianças que choram órfãos a dançar
Pinturas vermelhas no chão a marcar
Mulheres viúvas sem suas lagrimas demonstrar
Tampam o rosto até mesmo seu olhar
Vários tambores estrondam com a explosão
Cornetas de tiro e chocalhos na mão?

IV
Mas ainda nesse tom dançará vários miseráveis
Porque sem palavras caminham e cantam o novo refrão,
Ignorantes que tocam pela destruição,
Acreditam que em um novo dia acabará a canção
Não se cansam de sonhar no dia da libertação,
Pobres que moram embaixo da sua própria construção
Não entendem o que fazem, mas ainda pedem a continuação.
Muitos ainda irão chorar, berrar e sofrer
Sem voz e sem lagrimas irão padecer,
A orquestra se desculpa, mas precisa tocar
Porque sua desculpa é não poder parar de lutar
Mal os patifes imaginam a destruição que podem causar
Mal os patifes imaginam quantas lagrimas irão derramar
Porque aquele que mata pela dignidade
É tão idiota quanto aquele que rouba pela honestidade!


V
A nova sinfonia talvez nunca acabe
Porque morre um maestro e surge uma infinidade
Novos músicos se formam nos nossos quartéis
Onde aprendem sem dignidade freqüentando nossos bordeis,
Incendeiam a terra santa com falsas palavras de um novo profeta
Pobres soldados que se condenam calados,
Músicos inúteis que tocam uma nova canção
Põe-se a própria extinção,
Ainda muitos músicos tocarão essa nova canção
Porque parará a música apenas no dia onde todos morrerão
Ou até que em um só dia todos os falsos ídolos se quebrarão
Mas sejamos sensatos só acabará a nova sinfonia
Quando sem maestria o maestro tocar;
E quando o compositor novas canções não tiver para mandar.
Mas ainda que sem maestria eu possa pensar
Que um novo dia se seguirá e uma nova canção passará a tocar.

W. Rodrigues